Monday, December 12, 2011

Bule Voador » Escreva por direitos: suas palavras podem salvar vidas (evento 15/12)

Bule Voador » Escreva por direitos: suas palavras podem salvar vidas (evento 15/12)


Este evento está no Facebook.

Suas palavras podem ser a luz que expõe os cantos escuros da câmara de tortura. Elas podem levar energia a um defensor dos direitos humanos cuja vida está em perigo. Elas podem inflamar a esperança em um prisioneiro esquecido.

Jenni Williams

A Maratona Escreva por Direitos, da Anistia Internacional, é o maior evento de direitos humanos do mundo. Centenas de milhares de pessoas se unem e, através de cartas, tomam ações para exigir que os direitos humanos dos indivíduos sejam respeitados, protegidos e cumpridos.

“Estou viva hoje, depois de 34 prisões, porque membros da Anistia Internacional lutaram por mim” – Jenni Williams, defensora dos direitos humanos no Zimbábue

Vamos mostrar solidariedade com aqueles que sofrem abusos de direitos humanos, e trabalhar para trazer mudanças positivas na vida das pessoas.

Basta escolher um caso e escrever uma carta: Você pode escrever às vitimas, mandando mensagens de apoio, ou aos responsáveis pela violação dos direitos humanos, denunciando seus atos.

A postagem internacional a partir de Porto Alegre custa entre R$1,15 e R$1,38, dependendo do país de destino. No dia 15/12 estaremos recebendo cartas prontas, auxiliando na postagem, e também escrevendo novas cartas. Levaremos tudo no correio já no dia seguinte! Apareça, converse conosco, conheça mais pessoas interessadas na defesa dos direitos humanos.


Casos selecionados para o nosso evento*:

*A Anistia Internacional divide casos ao redor do mundo, para assegurar maior equilibrio na quantidade de cartas. Mas, se você quiser, pode escolher outros casos.

Jabbar Savalan

Azerbaijão – Ativista preso após comentar no Facebook

O estudante de História Jabbar Savalan está cumprindo uma pena de dois anos e meio de prisão no Azerbaijão em razão de suas atividades pacíficas que divergem do governo, tais como os comentários que ele postou em sua página no Facebook.

Militante do oposicionista Partido da Frente Popular do Azerbaijão, Jabbar Savalan foi preso depois de ter reproduzido no Facebook um artigo com críticas ao presidente azerbaijano Ilham Aliyev. O texto, que mencionava a corrupção e a compulsão por jogo do Presidente, havia sido publicado originalmente em um jornal turco.

No dia 4 de fevereiro de 2011, inspirado pelos protestos no Oriente Médio e no norte da África, Jabbar Savalan utilizou o Facebook para convocar “Um Dia de Revolta” em seu país. No dia seguinte, ele alertou sua família de que estava sendo seguido por homens desconhecidos. Na noite de 5 de fevereiro, Jabbar Savalan foi preso quando voltava para casa depois de um evento partidário em sua cidade natal, Sumgayit. Ele foi abordado e colocado dentro de uma viatura policial, sem nenhuma explicação e sem ser informado de seus direitos. Na época, ele tinha 19 anos.

Jabbar Savalan foi então interrogado por dois dias, sem acesso a um advogado. No dia 7 de fevereiro, quando, finalmente, pôde encontrar-se com seu advogado, ele contou-lhe que os policiais o haviam esbofeteado e ameaçado para que assinasse uma confissão.

A polícia alega ter encontrado 0,74 gramas de marijuana no bolso externo de sua jaqueta. Ele afirma que a droga foi plantada pela polícia. Os exames de sangue que ele realizou em seguida não apontaram nenhum traço de uso de marijuana. Seus amigos, família e colegas afirmaram à Anistia Internacional que ele não fazia uso de drogas.

No dia 4 de maio de 2011, Jabbar Savalan foi condenado por posse ilegal de entorpecente para uso pessoal. Foi- lhe imposta uma pena de dois anos e meio de prisão, que deverá terminar em agosto de 2013. A Anistia Internacional já documentou casos semelhantes em que a polícia teria supostamente encontrado drogas em posse de proeminentes críticos do governo do Azerbaijão, entre eles Eynulla Fatullayev e Sakit Zahidov, que foram sentenciados, respectivamente, a dois anos e meio e a três anos de prisão.

Jean-Claude Roger Mbede

Camarões – Preso pelo crime de “homossexualidade”

Jean-Claude Roger Mbede, um estudante de 31 anos, está cumprindo uma pena de três anos de prisão em Camarões simplesmente pelo que se acredita ser sua orientação sexual. Ele corre perigo de sofrer ataques e maus-tratos de natureza homofóbica.

No dia 2 de março de 2011, ele foi preso por agentes da Secretaria de Estado para a Defesa quando se encontrava com um conhecido. Antes do encontro, esse indivíduo havia mostrado aos policiais as mensagens de texto que recebera de Jean-Claude, informando-os que os dois iriam se encontrar.

Após sua prisão, Jean-Claude ficou detido sete dias antes de ser formalmente acusado de homossexualidade e de atentado homossexual, com base no artigo 347 bis do Código Penal Camaronês, segundo o qual “Qualquer pessoa que mantenha relações sexuais com pessoa do mesmo sexo deverá ser punida com uma pena de cinco meses a seis anos de prisão e uma multa de 20 mil a 200 mil francos (o equivalente a cerca de 65 a 650 reais). No dia 28 de abril, ele foi condenado e sentenciado a três anos de prisão.

Atualmente, ele está detido na penitenciária central de Kondengui, onde as condições são severas e os internos sofrem com a superlotação, a falta de saneamento e a péssima alimentação.

No dia 3 de maio, ele recorreu da sentença. No entanto, as autoridades judiciais não disponibilizaram uma cópia da decisão do tribunal ao seu advogado. Isso significa que não é possível impetrar recurso pleno e formal contra a condenação ou a sentença. Em Camarões, os julgamentos de recursos costumam demorar muitos anos; consequentemente, a maioria dos prisioneiros termina de cumprir sua pena antes que seu apelo seja julgado.

Inés Fernández Ortega e Valentina Rosendo Cantú

México – Indígenas estupradas por soldados de seu país

Inés Fernández Ortega e Valentina Rosendo Cantú foram estupradas por soldados mexicanos em 2002. Apesar de elas terem denunciado os ataques às autoridade e de terem acompanhado seus casos, nenhuma investigação substancial foi realizada e ninguém foi levado à Justiça.

Inés Fernández foi estuprada no dia 22 de março de 2002, quando três soldados invadiram sua casa no momento em que ela cozinhava para seus filhos. Inés foi atirada no chão e estuprada por um dos soldados enquanto os outros assistiam. Valentina Rosendo, na época com 17 anos, estava lavando roupas na beira de um rio quando os soldados se aproximaram. Ela foi ameaçada e estuprada por dois deles.

Inés Fernández e Valentina Rosendo são duas mulheres indígenas Me’phaa (Tlapaneca). No México, mulheres indígenas que são estupradas raramente prestam queixa, pois enfrentam obstáculos culturais, econômicos e sociais. Inés Fernández e Valentina Rosendo tiveram a coragem de denunciar a experiência dolorosa que sofreram e de acompanhar o andamento de seus casos em tribunais nacionais e internacionais.

Os investigadores militares tentaram desacreditar suas denúncias, colocando sobre as vítimas o ônus da prova. Ao mesmo tempo, seus casos receberam tratamento inadequado das instituições civis. Desde que fizeram a denúncia, as duas mulheres e suas famílias vêm sendo intimidadas. No dia 28 de agosto de 2010, a filha de Inés foi abordada por dois homens que ameaçaram sua família de morte caso não se mudassem da vizinhança.

Em agosto de 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu duas sentenças contra o México e ordenou a condução de uma investigação exaustiva por parte das autoridades civis, bem como a concessão das devidas reparações às duas mulheres e a realização de uma reforma no sistema de justiça militar.

Moradores de Port Harcourt

Nigéria – Despejamento forçado de comunidades

Na Nigéria, desde 2000, mais de dois milhões de pessoas já foram despejadas de suas casas. Outras centenas de milhares continuam em risco de perder suas moradias. Geralmente, os alvos dos despejos são as pessoas marginalizadas e os moradores de favelas, muitos dos quais já viviam há anos sem acesso à água potável, saneamento básico, assistência médica e educação adequadas.

Em alguns casos, as forças de segurança empregaram força excessiva para reprimir quem protestava contra os planos de demolição. No dia 12 de outubro de 2009, 12 manifestantes foram baleados pela polícia na área de Bunto, próximo ao rio, em Port Harcourt, estado de Rivers, quando participavam de uma manifestação pacífica contra a demolição de suas casas.

No dia 28 de agosto de 2009, a demolição do assentamento informal de Njemanze, às margens do rio em Port Harcourt, deixou milhares de homens, mulheres e crianças desabrigados. Os residentes não tiveram nenhum tipo de consulta prévia genuína, e também não receberam qualquer aviso adequado, nem acomodações alternativas ou algum tipo de recurso judicial, embora tais providências sejam requeridas pelas normas internacionais de direitos humanos.

Njemanze é apenas um dos mais de 40 assentamentos localizados à beira do rio em Port Harcourt. Ali, mais de 200 mil pessoas correm o risco de serem despejadas se as autoridades prosseguirem com os planos de demolir todos os demais assentamentos à beira do rio sem antes implementarem as devidas garantias em termos de direitos humanos.

O governo do estado de Rivers alega que tais demolições são necessárias para que um novo programa de renovação urbana possa ser posto em prática. No entanto, o projeto de reordenamento urbano foi planejado sem que as comunidades afetadas fossem consultadas.

De acordo com o direito internacional, a Nigéria deve assegurar a realização do direito à moradia adequada e o Estado deve tanto impedir os despejos forçados quanto abster-se de executá-los. As pessoas que residem nos assentamentos próximos ao rio têm o direito de serem consultadas e de participarem do planejamento de estratégias e programas habitacionais.

Mulheres do Zimbábue Levantem (WOZA)

Zimbábue – Ativistas sob risco

Desde fevereiro de 2003, integrantes da organização Mulheres do Zimbábue Levantem (WOZA, na sigla em inglês), que atua na defesa dos direitos das mulheres, têm sido presas, repetidamente, sempre que participam de manifestações pacíficas de protesto pela situação social, econômica e de direitos humanos do Zimbábue. Muitas foram presas arbitrariamente e detidas em péssimas condições. Como punição pelo seu ativismo, muitas delas foram submetidas a torturas e outros maus-tratos sob custódia policial, sendo impedidas de ter acesso a tratamento médico, comida e advogados.

No dia 10 de maio de 2011, cerca de 40 integrantes da WOZA foram espancadas pela polícia de choque durante um protesto contra os serviços precários e as contas de luz exorbitantes da Empresa de Transmissão e Distribuição de Eletricidade do Zimbábue (ZETDC). Os espancamentos aconteceram depois que cerca de 2.000 integrantes da WOZA realizaram uma marcha pacífica até a sede da ZETDC a fim de entregar “cartões amarelos” como forma de protesto.

No dia 28 de fevereiro de 2011, sete integrantes da WOZA e de sua organização parceira Homens do Zimbábue Levantem (MOZA) foram presos em Bulawayo. Na Delegacia Central de Polícia, eles teriam sido torturados antes de serem libertados, depois de dois dias, mediante o pagamento de fiança e sob condição de que se apresentassem à polícia duas vezes por semana. Enquanto isso, em 1º de março, 14 ativistas da WOZA foram presas quando participavam de diversos encontros realizados em Bulawayo para discutir questões sociais. Elas foram soltas no mesmo dia sem qualquer acusação.

Em setembro de 2010, 83 ativistas da WOZA e da MOZA foram presas durante uma passeata em comemoração ao Dia Internacional da Paz em Harare. Em anos anteriores, as mulheres foram presas ao participarem de eventos comemorativos ao Dia dos Namorados e ao Dia Internacional da Mulher. Em 2005, na data das eleições parlamentares do Zimbábue, a polícia prendeu cerca de 260 mulheres, algumas das quais com seus bebês, por participarem de uma vigília de oração após as eleições. Algumas delas foram obrigadas a deitarem-se no chão e foram surradas nas nádegas pelos policiais. As mulheres e as crianças passaram a noite detidas em um pátio aberto, vigiadas por guardas armados, e tiveram que pagar uma multa para serem soltas.

O tratamento dispensado aos integrantes da WOZA e da MOZA é uma demonstração da intolerância do governo do Zimbábue às manifestações pacíficas que expressem críticas às políticas governamentais. Ademais, tais atitudes revelam o uso mal intencionado que se faz da lei, sobretudo quando se usa simultaneamente a Lei de Segurança e Ordem Pública e a Lei sobre Delitos Diversos com o fim de sustentar prisões e detenções arbitrárias, bem como de facilitar uma série de outras violações dos direitos humanos por parte da polícia.

Participe! Te esperamos nesta quinta-feira.
Há outros lugares além de Porto Alegre no Brasil, aguarde detalhes.


Monday, November 28, 2011

Sobre a reportagem na Veja (e um pouco da história da minha vida)

Tendo visto pela enésima vez acusações feitas a mim por pessoas inescrupulosas de que eu teria entrado para a igreja para que o meu marido tivesse clientes, resolvi colocar tudo a limpo, não tanto pelos que me acusam mas por aqueles que me defendem; estes merecem saber exatamente como foi.
Em 2002 fui entrevistada por telefone por um reporter da Veja para uma reportagem especial sobre ateismo. Na época eu participava da STR e quem me pediu para participar mostrando uma família ateia foi o Leo Vines, presidente da STR. Tive algumas dúvidas, porque seria a primeira vez que eu realmente me exporia publicamente como ateia, mas a minha família concordou e fizemos.

Como eu disse, a entrevista foi feita por telefone, e acredito que tenha sido por isso que ele não entendeu corretamente o que eu disse, e na reportagem acabou saindo a informação incorreta de que haviamos entrado para a igreja para que o meu marido não perdesse clientes. Na época isso não me pareceu importante, e não me preocupei em corrigir a informação. Por um lado porque existem certamente muitas pessoas que participam da igreja sem crer,  por medo de serem discriminados, por outro lado porque eu nunca imaginei que um dia essa reportagem seria usada contra mim de forma tão deturpada e maldosa como foi.
Não vou ter como explicar as circunstância disso tudo sem entrar no mérito de como foi a minha trajetória de vida em termos de ser ou não ateia nas várias fases da minha vida, portanto o relato será relativamente longo.

Mas para começo de conversa, nós não entramos para a igreja por causa da profissão do meu marido, nem ele dependia disso na época, pois trabalhava como funcionário de uma cooperativa e não como profissional liberal.

Sou ateia de quarta geração. Meus bisavós e avós pelo lado paterno, assim como meus pais, eram ateus. Meu avô participava de uma organização de livrespensadores na Finlândia mais de cem anos atrás, a Prometheus. Cresci portanto sem que me falassem nada sobre religião, sem irmos à igreja e sem rezas e orações. Só entrei em contato com a religião aos 4 anos no Jardim de Infância, e é claro que nada disso era reforçado em casa. Mas aquelas histórias que contavam sobre Jesus, um homem tão bondoso que gostava muito de crianças evidentemente me cativou, como cativaria qualquer criança. Então fui teísta dos 4 aos 8 anos; até ia com alguma amiga para a tal Escola Dominical às vezes, e meus pais nunca proibiram. Lembro de forma muito nítida como foi quando deixei de acreditar, me senti angustiada por não conseguir mais crer e eu até rezei dizendo isso para o deus em que não conseguia mais acreditar.

A partir deste momento me assumi ateia, meus pais inclusive me liberaram das aulas de religião na escola, e nunca vi nenhum problema no fato. Na Finlândia não há esse conceito de que "ateus são imorais", pelo menos eu nunca senti isso nas pessoas com quem convivia. Na verdade o assunto raramente era levantado, não se falava sobre isso e para mim era simplesmente algo normal.

Meu pai veio trabalhar no Brasil em 1970, quando eu tinha 13 anos. Mesmo aqui no Brasil, na época, não parecia ser um problema ser ateu, nunca me senti rejeitada por causa disso. Continuava sendo algo normal, e eu pratcamente não falava sobre isso com ninguém. Não era importante.

Quando casei, aos 18 anos, surgiu a questão por causa do casamento religioso. A família do meu marido era luterana (IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil), mas do tipo que pertence à igreja como quem pertence a um clube. Sempre deu para perceber que o meu sogro (a mãe do meu marido já era falecida) não era religioso, nunca iam à igreja e nunca falavam sobre isso. Mas a formalidade do casamento na igreja era importante para eles por causa da tradição, e por causa de uma vó e uma tia pelo lado materno do meu marido, que eram bastante católicas. Da minha parte, nem mesmo o casamento civil chegava a ser importante, mas era outra época (1974), eu estava grávida, e decidimos que casar era o mais acertado. Mas o meu limite era que eu não me batizaria, me recusava a fazer essa concessão porque não estava disposta a ser hipócrita. O meu sogro era parente de um pastor, que concordou em nos casar sem eu ter que cumprir essa formalidade. Casamos e fomos morar no Paraná durante algum tempo, onde terminei o Segundo Grau em uma escola católica; nunca escondi o fato de ser ateia nem mesmo ali.

Depois nos mudamos para o interior do RS, onde o meu marido foi contratado para trabalhar em uma cooperativa, com a função de atender vacas e porcos nas propriedades rurais. Alugamos uma casa cujos donos eram nossos vizinhos, uma família descendentes de alemães muito simpáticos e que nos acolheu muito bem. Eram luteranos da mesma igreja (IECLB) que a família do meu marido, e nós os acompanhamos a um culto para nos entrosar  na comunidade, e fomos muito bem recebidos. Mas ainda não havíamos nos filiado à paróquia local, embora tivessemos batizado os dois primeiros filhos por conta do meu sogro ser membro da paróquia de Porto Alegre. Eu não fingia ser religiosa para ninguém, e não me senti pressionada a ser.

Depois que o nosso segundo filho nasceu, eu já com 21 anos, entramos em contato com os Rosacruzes. Foi assim que me foi apresentada um conceito de deus como sendo um tipo de energia, não mais o deus antropomórfico cristão (esse tipo de crença estava definitivamente descartada por mim). Por algum motivo esse conceito me atraiu e começamos a fazer um curso por correspondência. Depois de algum tempo concluímos que aquilo estava nos exigindo cada vez mais tempo, que nós com filhos pequenos não tínhamos. E também percebemos um certo "comercialismo", como venda de correntinhas, incensos, etc, além de também sutilmente pedir que divulgássemos para conseguir mais membros.

[Aí já estávamos curiosos a respeito dessas coisas todas relacionadas ao "poder do pensamento", e participamos de um curso de "Poder Mental" que apareceu na cidade. Comprei alguns livros sobre gnose, li sobre quase tudo que tinha de pseudociências e misticismos nas revistas da época. Na década de 1980 a ufologia se tornou muito popular, assim como a astrologia. E tudo isso me levou para uma busca que durou mais ou menos dos 21 anos aos 43.]

Voltando, uma das coisas que os Rosacruzes recomendavam era que se participasse de alguma igreja. Aqui cabe explicar que na Finlândia era (e deve ser ainda) muito comum que as pessoas participassem da igreja como forma de socialização, e para fazer algum trabalho comunitário. Não que as pessoas fossem especialmente religiosas, na maioria eram do tipo "light" ou até mesmo ateus, porque a igreja lá é estatal, de modo que muito são membros da igreja porque foram batizados pelos pais e simplesmente não se dão ao trabalho de sair; não é relevante.

Com esse exemplo em mente, e porque na época tínhamos feito amizade com o pastor local que era um homem muito inteligente e esclarecido e que havia me passado inclusive o conceito do "Estudo Histórico-Crítico da Bíblia". Ou seja, não precisamos levar a Bíblia ao pé da letra, e não precisamos acreditar em tudo que está nela. E ele gostava de conversar conosco e eu percebia que ele fazia questão de ouvir as minhas opiniões e as valorizava. Por causa de tudo isso, porque eu queria fazer parte do grupo, porque eu pensei que conseguiria fazer algum trabalho social relevante, e porque havia desenvolvido esse conceito de "deus=energia" que eu conseguia aceitar, decidi me batizar.

Durante vários anos participamos ativamente nas atividades da paróquia, e durante esse tempo todo eu fui deista. Não mais acreditava em um deus personificado, mas em algum tipo de "energia". Mas o mais importante é a parte social, o convívio com as pessoas; somos seres sociais e precisamos deste contato. Durante todos estes anos pagamos a anuidade devida à paróquia. Nossos filhos fizeram o Ensino Confirmatório porque o meu marido achava que era importante cumprir com essas formalidades. Eles tiveram a oportunidade de decidir por si mesmos se queriam continuar fazendo parte da igreja.

Só depois de 20 anos é que eu me afastei da igreja e não quis mais participar. Foi neste momento que o meu marido não concordou em oficializar este afastamento, porque ele havia recentemente deixado de ser funcionário da cooperativa e agora trabalhava como terceirizado; haviam outros veterinários na cidade e ele ficou receoso, achando que um ruptura poderia afastar alguns produtores que eram da nossa paróquia. Não acho que tivesse feito diferença, mas do ponto de vista do meu marido sempre foi importante fazer parte da igreja, essa foi a herança cultural que herdou da família, fazia parte da identidade dele. Portanto a decisão foi dele, não minha.

E para dizer a verdade, foi inútil. Ele não teve nenhuma vantagem em continuar sendo membro da paróquia e pagando a anuidade pontualmente. 

A empresa começou a passar os atendimentos para um veterinário contratado lá dentro, em vez de passá-los para o meu marido comforme o acordo que tinha sido feito quando ele passou a terceirizado. (Ainda bem que ele já tinha conseguido se aposentar.) Desnecessário dizer que a empresa não tinha nenhum conhecimento do que se passava no tocante a participarmos ou não da igreja.

Quando nos mudamos pudemos finalmente nos desligar definitivamente.

Se alguém quiser perguntar mais alguma coisa, fique à vontade.

Saturday, November 26, 2011

Definições de Humanismo | Humanismo Secular Portugal

Definições de Humanismo | Humanismo Secular Portugal

Definições de Humanismo

"O Humanismo é uma postura de vida democrática e ética, que afirma que os seres humanos têm o direito e a responsabilidade de dar sentido e forma às suas próprias vidas. Defende a construção de uma sociedade mais humana, através de uma ética baseada em valores humanos e outros valores naturais, dentro do espírito da razão e do livre-pensamento, com base nas capacidades humanas. O Humanismo não é teísta e não aceita visões sobrenaturais da realidade."

IHEU - Minimum Statement on Humanism


"A palavra Humanismo deriva do latim humanus, que significa "humano". Podemos definir brevemente um humanista como alguém cuja visão do mundo confere grande importância aos seres humanos, à vida e ao valor do ser humano. O Humanismo realça a liberdade do indivíduo, a razão, as oportunidades e os direitos."

Gaarder, Jostein em O Livro das Religiões


"... procura, sem recorrer à religião, o melhor nos seres humanos e para os seres humanos."

Chambers Pocket Dictionary (Dicionário de Bolso Chambers)


"... uma doutrina, atitude, ou modo de viver centrado nos interesses ou valores humanos; em particular: uma filosofia que normalmente rejeita o sobrenatural e dá enfâse à dignidade do indivíduo e ao seu valor e capacidade para a auto-realização pessoal através do uso da razão."

Merriam Webster Dictionary (Dicionário Merriam Webster)


"... um apelo ao uso da razão, em vez de revelações ou autoridades religiosas, como uma forma de partir à descoberta do mundo natural e do destino do homem, e, também, para desenvolver uma base para a moralidade... A ética humanista também se distingue por a sua acção moral ter como objectivo alcançar o bem-estar da humanidade, em vez de procurar cumprir a vontade de Deus."

Oxford Companion to Philosophy (Acompanhante da Filosofia Oxford)



"A rejeição da religião em prol do avanço da humanidade pelo seu próprio esforço."

Collins Concise Dictionary (Dicionário Conciso Collins)


"O que é característicamente humano, e não sobrenatural, o que pertence ao homem e não a forças externas, o que eleva o homem à sua maior altura ou lhe dá, enquanto homem, a maior satisfação."

Encyclopedia of the Social Sciences (Enciclopédia das Ciências Sociais)


Monday, November 14, 2011

Revista Época - A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico - notícias em Sociedade

O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.

- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Sou! – ele respondeu, animado.
- De que igreja?
- Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...


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Revista Época - A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico - notícias em Sociedade

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Sunday, November 6, 2011

Resumo da apresentação sobre astrologia

no SiTP em Porto Alegre no dia 05 de novembro de 2011

Estava eu num almoço de aniversário de uma amiga, a maioria do pessoal eu não conhecia, e a conversa girava basicamente em torno de florais, reiki, energias, astrologia, entre outras coisas. Como era uma ocasião festiva em que eu era apenas uma das convidadas, fiquei na minha, e não dei a minha opinião a respeito dos assuntos. Aí alguém me perguntou qual era o meu signo. Perguntei, “qual você acha que é?”. Aí começaram a tentar deduzir o meu signo, e foi muito engraçado. Para começar já disseram que Escorpião não poderia ser. E foram indo, de signo em signo, tentando deduzir pela impressão que eu passo: Câncer (porque é meigo), Virgem (porque é observador), e assim foi, esgotando todas as possibilidades. No final eu disse, “pois é, o meu signo é justamente aquele que vocês descartaram no início: Escorpião. Para vocês verem que isso não funciona.”

Ninguém aceita qualquer pseudociência como válida se não tiver primeiro aceito a noção de “energias” e “vibrações” como fontes válidas que influenciam as nossas vidas de forma invisível.
Então parte-se do pressuposto de que a astrologia é válida, para então estudar os detalhes referentes ao mapa astral e a interpretação que se dá aos diversos aspectos envolvidos.

A astrologia é um assunto muito presente na sociedade em geral, e muita gente culta a considera válida. E isso não significa que são ignorantes, e nem mesmo que são particularmente crédulos. Significa que a astrologia conseguiu se estabelecer com muita eficiência na nossa cultura, e não por acaso. Há bons motivos para que isso tenha acontecido, e uma delas, a principal, é que ela realmente parece funcionar. Eu sei que parece estranho, mas é verdade. E o motivo de eu ter tanta certeza disso é que eu fui astróloga por quase 20 anos. E acreditava sinceramente no que fazia.

Temos uma grande necessidade de conhecimento e uma sensação de controle sobre as nossas vidas. A maioria das “artes divinatórias dão às pessoas apenas uma coisa, que é o conhecimento, a ilusão de saber o que vai acontecer. A astrologia acrescenta outra dimensão que é o autoconhecimento, a ilusão de sabermos mais sobre nós mesmos e do que nós somos capazes. Eu suponho que é por isso que a astrologia é tão popular, porque dá os dois lados, a ilusão do autoconhecimento, e a ilusão de saber o que vai acontecer. E dá um terceiro aspecto, que é a ilusão de poder saber mais sobre outras pessoas através do mapa astral deles.
E o mapa astral, sendo um gráfico, dá uma ilusão de objetividade e de racionalidade. 

Sempre me interessei por psicologia, e sempre quis entender melhor a mim mesma, tanto quanto queria entender os outros. Morava no interior e não tinha acesso a muita coisa, mas descobri um curso básico de astrologia por correspondência. Tive que aprender a fazer cálculos complicados, que envolvia uma tábua de logaritmos e um livro de efemérides, à mão para determinar a posição dos planetas no mapa astral. Não havia internet nem computadores, e a calculadora não ajudava muito. Cada mapa que eu fazia levava uma hora entre calcular e desenhar tudo. E tinha a parte da interpretação, que envolvem vários elementos nas mais diversas combinações. Eu me aprofundei naquilo o mais que pude, comprei livros e estudei muito. Para mim, o que mais importava era a análise psicológica, da personalidade e do potencial de cada um.
A análise dos signos é vaga o suficiente para que qualquer pessoa se identifique com as características descritas, assim como as previsões feitas no jornal. Quando alguém alega que não encaixou com ele, sempre tem alguém para dizer que tem que fazer o mapa astral completo, porque às vezes o signo sozinho não é determinante.

O mapa astral é basicamente um desenho de como estava o céu no momento do nascimento de alguém, e é calculado de um ponto de vista geocêntrico. São usadas as latitudes e longitudes do local onde a pessoa nasceu, além do horário. Por causa disso há uma distorção, e a movimentação planetária não é linear, e há um movimento que se chama “retrógrado”, em que os planetas aparentemente andam para trás. Isso é levado em consideração na interpretação como sendo um aspecto, ou fase, em que esse assunto está sendo prejudicado na vida da pessoa. O detalhe é que esse movimento “retrógrado” é geral, acontece com todo mundo. 

O mapa é dividido em doze casas, e a primeira casa corresponde à linha do horizonte; o signo que se encontra ali é o que se chama de ascendente. O ascendente é considerado um importante complemento ao signo solar. Por exemplo, uma pessoa de Leão (fogo) teria o seu temperamento modificado por uma ascendente em Touro (terra). Os elementos Fogo, Água, Terra e Ar também são importantes na astrologia.

O mapa astral dá milhões de combinações possíveis

Então podemos ter qualquer combinação dos doze signos com doze ascendentes, o que já dá 144 combinações possíveis. Depois temos a posição da Lua, que também é importante, e que também pode estar em qualquer um dos doze signos; aí já vamos para 1728 possibilidades.
Mas o significado da posição do Sol e da Lua também podem variar de acordo com a Casa em que se encontram. Como são doze casas, aí já temos 20.736 combinações, levando em consideração apenas um deles. 

Bom,  vou parar por aí, porque já deu para ver que com essa miríade de combinações possíveis, e tudo sujeito a vários tipos de interpretação, dá para tirar de um mapa astral praticamente qualquer coisa que se queira. Existem 12 signos, 10 corpos celestes (Sol, Lua e os planetas Mercúrio, Venus, Marte, Jupiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão), e  12 casas. Cada planeta vai ser interpretado de acordo com a casa e o signo em que está, além de se considerar os aspectos (ângulos) entre os diversos elementos.  Existem aspectos positivos, quando há um ângulo de 60 ou 120 graus entre dois deles (sextil e trígono), e negativos, quando há um ângulo de 90 ou 180 graus (quadratura e oposição). Conforme a combinação de todos esses fatores, uma característica pode ser enfatizada ou abafada, pode se expressar de forma positiva ou negativa. 

A questão não é se a astrologia “funciona”, é óbvio que não. Atribuir uma capacidade de influência de um planeta sobre a vida de uma pessoa, ainda mais atribuindo a esse planeta uma vibração específica, como associar as qualidades da deusa romana Vênus a ela, e alegar que a posição dela no momento do nascimento de alguma forma atribui uma determinada característica a uma pessoa é absolutamente incompreensível quando olhamos de forma racional e objetiva.

Então, porque a astrologia tem tanto apelo popular? O fato é que ela parece funcionar. E na verdade há um bom motivo para isso.
Aqui temos que diferenciar entre dois tipos de astrólogos. Existem os charlatães, sem dúvida, mas existem também aqueles que, como eu no passado, realmente acreditam no que fazem. E aí cabe analisar porque é possível que a própria pessoa se iludir dessa forma. 

Quem me deu a pista para eu começar a questionar a validade da astrologia foi o meu pai. Ele sempre deixou claro que não acreditava em nada disso. Um dia me surpreendeu me pedindo que eu fizesse o mapa astral dele. E me disse uma coisa que eu nunca esqueci: “de fato, eu não acredito em astrologia, mas eu acredito que você seja uma boa astróloga; seria interessante ouvir o que viria através de um filtro como você”.

 Quase sempre fiz as análises pessoalmente, sentada com a pessoa na minha frente. Eu costumava dizer que o mapa “criava vida” nessas circunstâncias; as poucas vezes que analisei um mapa sem a presença da pessoa foi muito mais difícil, parece que “trancava”. 

Voltando ao meu pai, eu realmente fiz o mapa dele, mas não consegui sentar com ele e analisá-lo.  Percebi que não conseguiria sustentar nada daquilo diante de um cético, como meu pai sempre foi. O que o meu pai queria era saber o que eu pensava dele, como eu o via, e estava disposto  a me deixar usar o mapa astral para isso. Com o tempo percebi que o que funcionava era eu, não a astrologia. Sendo uma pessoa naturalmente empática e intuitiva, eu captava muito rapidamente algumas coisas sobre as pessoas em geral, na verdade eu não precisava do mapa, ele era só um elemento de intermediação, um instrumento.

E é isso que acontece com aqueles astrólogos que acreditam no que fazem; são intuitivos e empáticos e conseguem “ler” as pessoas, mas acreditam com toda sinceridade que é a astrologia que os faz ter essa habilidade.

Teve também uma “evidência anedota”. Fiz o mapa astral de um amiga, mas quando analisei sento que o mapa não “parecia” com  ela. Perguntei se ela tinha certeza do horário, e ela perguntou para a mãe dela, que deu um horário um pouco diferente. Refiz o mapa e aí parece que estava muito mais de acordo com a personalidade dela. Isso me serviu de “prova” por muito tempo.  Uma outra vez me pediram para descrever a personalidade pelo mapa de uma pessoa que eu não conhecia.  De alguma forma consegui “acertar” o suficiente para ser convincente.

Isso tudo já faz mais de dez anos, e o meu desligamento definitivo se deu quando descobri a STR onze anos atrás e li alguns textos com pesquisas que mostravam de forma bem objetiva porque a astrologia não tinha validade. Aproveitei o momento da mudança de cidade para me livrar de toda a tralha: mapas, textos e livros. Foi um processo difícil e bastante demorado, mas quando finalmente tomei a decisão, foi um grande alívio.

Descartar a astrologia simplesmente sem analisar o porque dela ser tão apelativa é um erro. Ainda mais que a grande maioria dos astrólogos são sinceros no que fazem.  Seria simplista dizer que são todos charlatães que tem por objetivo explorar as pessoas, porque é certo que comigo não foi assim, e conheci muitos outros que também acreditavam sinceramente no que faziam.
Como qualquer outro fenômeno social, psicológico, é importante ter em mente que as coisas não dividem em preto-branco.

Curiosidade

Quanto à possível influência da Lua sobre os partos, uma crença muito popular, tenho um relato bem interessante e peculiar. O meu marido foi veterinário durante muito tempo, e manteve um registro bastante rigoroso sobre os atendimentos que fazia. Um dia reunimos mais de 20 anos de informação sobre todos os partos de vacas que ele atendeu. Combinamos as datas com as fases da Lua, e descobrimos que a incidência de partos era simplesmente distribuída de maneira uniforme em todas as fases. Não havia mais partos na Lua Cheia, como popularmente se acredita.

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Já escrevi anteriormente sobre a minha experiência na Astrologia nessa postagem - Porque a astrologia parece funcionar.

[Se alguém quiser saber mais alguma coisa sobre quais são os elementos principais na astrologia, tem um resumo aqui.]


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Thursday, November 3, 2011

As aparências enganam

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Monday, October 24, 2011

Escreva Lola Escreva: “MEU CASO VIROU MINHA CAUSA”, DIZ RHANNA

Leia tudo em:

Escreva Lola Escreva: “MEU CASO VIROU MINHA CAUSA”, DIZ RHANNA: Muito boa a reportagem do Fantástico sobre o caso de Rhanna , a estudante de Direito que teve o braço quebrado numa boate em Natal. A maté...

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Saturday, October 22, 2011

Blog para quem quer aprender sueco:

 "Jag pratar svenska"

- http://falesueco.blogspot.com/

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Thursday, October 20, 2011

Richard Dawkins explica porque se recusa a debater com William Lane Craig

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Hoje faz exatamente dois anos que comecei o meu blog. 

Para comemorar, posto esse excelente artigo de Richard Dawkins:

Originalmente postado em:
http://rebeldiametafisica.wordpress.com/2011/10/20/richard-dawkins-explica-porque-se-recusa-a-debater-com-william-lane-craig/


Richard Dawkins explica porque se recusa a debater com William Lane Craig

Fonte: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/oct/20/richard-dawkins-william-lane-craig
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Este ‘filósofo’ cristão é um defensor do genocídio. Eu prefiro deixar uma cadeira vazia do que dividir uma tribuna com ele.
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Não se sinta envergonhado se você nunca ouviu falar de William Lane Craig. Ele se autopromove como filósofo, mas nenhum dos professores de filosofia que consultei jamais ouviu seu nome. Talvez ele seja um ‘teólogo’. Já há algum tempo Craig tem sido cada vez mais importuno em seus esforços para me persuadir, constranger ou difamar num debate com ele. Eu tenho consistentemente recusado, seguindo o espírito, se não a letra, de uma famosa réplica do então presidente da Royal society: “Isto ficaria muito bem no seu currículo, mas não tão bem no meu”.
A última investida persecutória de Craig assumiu a forma de uma série de desafios cada vez mais intimidatórios para confronta-lo em Oxford neste mês de outubro. Eu mais uma vez tive o prazer de recusar, o que lançou-lhe e a seus acólitos num frenesi de acusações de covardia através de blogs, twitters, canais do Youtube e fóruns de discussão online. A estes eu diria apenas que recuso centenas de convites mais respeitáveis todos os anos, e que já debati publicamente com um arcebispo de New York, dois arcebispos de Canterbury, vários bispos e o rabino-chefe, e estou esperando por meu iminente, sem sombra de dúvidas mais civilizado encontro com o atual arcebispo de Canterbury.
Numa síntese de sua arrogância intimidatória, Craig agora propõe colocar uma cadeira vazia numa tribuna em Oxford na próxima semana para simbolizar minha ausência. A idéia de capitalizar sobre a reputação alheia pela conivência em dividir com outro uma tribuna dificilmente é nova. Mas o que faremos desta tentativa de transformar minha ausência numa proeza da autopromoção? Pelo bem da transparência, eu assinalaria que não é somente Oxford que não irá me ver na noite em que Craig pretente debater comigo in absentia: você também pode me ver não aparecer em Cambridge, Liverpool, Birmingham, Manchester, Edinburgh, Glasgow e, se o tempo permitir, Bristol.
Mas Craig não é apenas uma figura cômica. Ele tem um lado negro, isto colocando de maneira generosa. Vários clérigos contemporâneos sabiamente negam os horríveis genocídios ordenados por Deus no Antigo Testamento. Qualquer um que critique a sede de sangue divina é ruidosamente acusado de ignorar desonestamente o contexto histórico, e de fazer uma leitura ingênua e literal do que nunca passou de uma metáfora ou de um mito. Você procuraria bastante até encontrar um pregador moderno disposto a defender a ordem de Deus, em Deuteronomio 20: 13-15, para matar todos os homens numa cidade conquistada e confiscar as mulheres, crianças e animais como espólio de guerra. E os versículos 16 e 17 são ainda piores:
Porém, das cidades destas nações, que o SENHOR teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida. Antes destrui-las-ás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos perizeus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o SENHOR teu Deus.
Você pode dizer que tal chamado ao genocídio nunca poderia ter vindo de um Deus bom e amoroso. Qualquer bispo, vigário ou rabino decentes concordaria. Mas vejam o que Craig tem a dizer. Ele começa afirmando que os cananitas eram pervertidos e pecaminosos e portanto mereciam ser massacrados. Ele então considera a situação das crianças cananitas.
Mas tirar a vida de crianças inocentes? A terrível totalidade da destruição foi incontestavelmente à proibição da assimilação de nações pagãs. No ordenamento da destruição completa dos cananitas, o Senhor falou: ‘Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos; Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses’(Deut 7:3-4)[...] Deus sabia que se se permitisse que estas crianças cananitas vivessem, elas poderiam tramar a destruição de Israel. [...] Além do mais, se nós acreditarmos, como eu acredito, que a graça de Deus é estendida para aqueles que morreram na infância ou como pequenas crianças, a morte destas crianças era verdadeiramente sua salvação. Nós somos tão apegados à perspectiva naturalista terrena, que nós esquecemos que aqueles que morrem estão felizes por deixar esta terra pela alegria incomparável do paraíso. Então, Deus não faz nada errado ao tomar suas vidas.
Não alegue que eu retirei estas passagens revoltantes do contexto. Que contexto poderia possivelmente justifica-las?
Então o que Deus faz de errado ao comandar a destruição dos cananitas? Não os cananitas adultos, porque eles eram corruptos e mereciam o julgamento. Não as crianças, porque eles herdaram a vida eterna. Então quem é o transgressor? Ironicamente, eu penso que a maior dificuldade de todo este debate é o aparente erro que os soldados israelenses fizeram a si mesmos. Você pode imaginar que seria como ter que invadir uma casa e matar uma mulher aterrorizada e seus filhos? O efeito brutal nestes soldados israelenses são perturbadores.
Oh, os pobres soldados. Esperemos que eles tenham recebido suporte psicoterápico após esta experiência traumática. Uma resposta posterior de Craig é – se possível – ainda mais estarrecedora. Referindo-se a seu artigo anterior (acima) ele diz:
Como resultado de uma leitura mais cuidadosa do texto bíblico, cheguei à conclusão de que a ordem que Deus deu a Israel a princípio não era que eles exterminassem os cananitas, mas que os expulsassem da terra.[...] Canaã estava sendo dada a Israel, a quem Deus Deus havia retirado do Egito. Se as tribos cananitas, vendo os exércitos de Israel, tivessem simplesmente escolhido fugir, ninguém teria sido assassinado, afinal. Não havia nenhuma ordem para perseguir e abater as pessoas cananitas. É, portanto, completamente errônea a caracterização da ordem de Deus a Israel como uma ordem para cometer genocídio. Em vez disso era em primeiro lugar uma ordem para expulsar as tribos do território e ocupa-lo, Somente aqueles que permanecessem deveriam ser completamente exterminados. Não havia necessidade de que todos morressem nesta situação.*
Então, aparentemente, eram os próprios cananitas que estavam errados por não fugirem. Certo.
Você apertaria a mão de um homem capaz de escrever coisas como esta? Você subiria num palco com ele? Eu não o faria e não o farei. Mesmo se eu já não tivesse um compromisso em Londres no dia em questão, eu orgulhosamente deixaria a cadeira em Oxford eloquentemente vazia.
E se qualquer de meus colegas se encontrar intimidado ou enganado num debate com este deplorável defensor do genocídio, eu o aconselharia a levantar-se, ler em alto e bom tom as palavras de Craig citadas acima, e então deixa-lo falando não somente para uma cadeira vazia mas, esperaria-se, para um auditório se esvaziando rapidamente.

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Wednesday, October 19, 2011

Bule Voador » VI Taverna Cética (SiTP) em Porto Alegre

Autor: Daniel Oliveira

Vem aí a sexta edição do Taverna Cética / Skeptics in the Pub (#SITP) Porto Alegre!

Cartaz do 6o Taverna Cética (#SITP) Porto Alegre

Cartaz preliminar do 6o Taverna Cética (#SITP) Porto Alegre, Sábado, 5 de novembro de 2011

Quando? Sábado, 5 de novembro de 2011 às 20:30h. Isso mesmo, um Sábado! Atendendo a pedidos, desta vez o SITP vai ser em um final de semana.

Onde? Espaço Cabral, entrada pelo Santíssimo, o mesmo bar dos últimos encontros. Endereço: Av. Sarmento Leite, 888 (esquina com Lima e Silva). Porto Alegre – RS. (Ver Mapa).

Quem? A próxima edição do Taverna Cética contará com a presença de Åsa Heuser (ex-astróloga, vice presidente da LiHS) e de Horacio Dottori (astrofísico, pesquisador do Instituto de Física da UFRGS) debatendo o tema Astronomia x Astrologia.

Quanto? Não existe ingresso, nem couvert. Os participantes que enviarem o nome para a lista (veja mais detalhes abaixo) também ficam isentos de taxa de consumação.

No último encontro, mais de 100 pessoas vieram debater o Misticismo Quântico e, desta vez, um Sábado e em um espaço para 140 pessoas, o evento tem tudo para ser ainda maior.




Bule Voador » VI Taverna Cética (SiTP) em Porto Alegre

Tuesday, October 18, 2011

"Ele disse que não vai mais deixar eu bater nele!"

Quando vejo certas pessoas argumentarem o porque de serem contra qualquer lei que proteja homossexuais de agressões de qualquer tipo, seja física, verbal ou moral, alegando "liberdade de expressão", "liberdade religiosa", etc, me vem à mente uma história que aconteceu quando os meus filhos eram pequenos.

Uma das minhas irmãs estava de visita e trouxe os filhos. Meu filho mais novo tinha cinco anos e o meu sobrinho era dois anos mais novo. Só que o meu sobrinho tinha um temperamento mais agitado e o meu filho veio se queixar para nós que ele batia nele. A solução que encontramos foi dizer ao meu filho que não deixasse, afinal ele era maior e mais forte, bastava impedir.

Depois de algum tempo aparece o meu sobrinho, quase chorando, e reclamando:

"O fulano disse que não vai mais deixar eu bater nele!" 

Pois é, pois é ...

=D

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Saturday, October 8, 2011

Sobre a EMPATIA em um artigo de David Coimbra

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Já falei sobre isso antes, como eu considero a empatia uma das qualidades mais importantes de qualquer pessoa. Ontem vi um artigo de David Coimbra na Zero Hora onde ele aborda esse assunto, e onde ele também aborda outro aspecto que eu já tinha percebido também. Pela nossa história evolutiva, reagimos às expressões faciais das outras pessoas de forma bastante automática, mas a comunicação sem o fator cara-a-cara é muito recente, e ainda não nos adaptamos totalmente a ela. Por isso as pessoas conseguem ser extremamente mal educadas e até mesmo cruéis nas redes sociais, e dizem coisas que jamais seriam capazes de dizer se estivesse na real presença da outra pessoa.


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DAVID COIMBRA

No lugar dos outros 

As pessoas, hoje, estão expostas. Eis um dos subprodutos mais notáveis das invenções de Steve Jobs e outras cabeças privilegiadas da tecnologia das comunicações. O telefone celular, a internet e suas derivações deram ao cidadão comum a possibilidade de se expressar livremente como jamais na história humana. Todo mundo emite opiniões a todo momento, sem nenhum freio, e o resultado é assustador: as pessoas não têm o menor respeito pelas outras pessoas.
Kant e Schopenhauer, que estou numa fase kantiana e schopenhaueriana, pois Kant e Schopenhauer ensinaram que o homem se move por algo que existe antes da razão. Não é nada transcendental, nada mágico, nada divino, é só a vida sendo vivida, é a natureza íntima das coisas, dos animais e das pessoas. Do mundo, enfim. Schopenhauer chamava a isso de “vontade”. Essa vontade está em tudo, até na samambaia plantada no vaso da sala, que cresce e se desenvolve e acaba por morrer. Mas essa vontade escraviza o homem, faz com que ele faça coisas mesmo quando seu intelecto não quer fazer. Para Schopenhauer, só há um momento em que o homem se liberta da vontade.
            É quando ele sente compaixão.
A compaixão pode ser definida como a capacidade que alguém tem de se colocar no lugar de outro ser humano e compreender o que ele (o outro) está sentindo. Quando o homem sente compaixão, nega a própria vontade e supera o egoísmo natural do ser humano. É uma pequena façanha.
Conheço muitas pessoas inteligentes e talentosas que são pessoas menores exatamente por não sentirem compaixão. Não me refiro à compaixão despertada pela tragédia: uma doença grave, um acidente, uma trapaça da sorte. Não. Aí é fácil se colocar no lugar do outro. Refiro-me ao trato do dia a dia. Um sujeito se acha muito inteligente, mas destrata um balconista, é grosseiro com um colega ou oprime um subordinado. Ou seja: é uma pessoa que não consegue ir além do seu egoísmo. Ela não consegue retirar-se do centro do mundo e não consegue ver que, agindo como age, está produzindo sofrimento no outro. Não tem compaixão.

Via internet e outros tantos meios tornados possíveis por Steve Jobs & cia, o homem comum insulta a tudo e a todos, difama, agride, ataca, esparrama-se em malícia. Suponho que os homens sempre foram assim, mas antes esse lado sórdido estava oculto no anonimato. Agora, o anônimo se mostra por inteiro, sua vontade schopenhaueriana está nua, às vistas do mundo, e o que se vê não é bonito. O curioso é que, ao ganhar a oportunidade de se comunicar mais com as outras pessoas, o homem comum não se aproximou das outras pessoas. Ao contrário, ele exercita cada vez mais o seu egoísmo, torna-se cada vez mais incapaz de se colocar no lugar do outro. É uma doença desta época. Uma época de homens sem compaixão.
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Wednesday, September 28, 2011

Porque o aborto deve ser permitido no Brasil

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http://www.youtube.com/watch?v=PMdVzBOx-z4
neste vídeo, o Centro Feminista de Estudos e Assessoria - CFEMEA, mostra as caracteristicas socioeconômicas das milheres que praticam aborto clandestino e que estão sujeitas a complicações na saúde porque não há apoio da saúde pública e o aborto é criminalizado.

O aborto clandestino é a causa de 602 internações POR DIA no Brasil, por causa de infecções e é a TERCEIRA causa de morte materna.

1 em cada 7 mulheres no Brasil já fez aborto.

Os setores ultra-conservadores e a igreja católica em especial estão promovendo absurdos contra as mulheres no Congresso Nacional, chegam, a propor BOLSA ESTUPRO para manter a gravidez de quem foi estuprada. Querem criar um cadastro obrigatório de todas as mulheres que engravidam, para controlar se vão fazer aborto.

INFORME-SE E PARTICIPE DOS MOVIMENTOS DE EMANCIPAÇÃO DAS MULHERES E QUE LUTAM POR DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

cfemea.org.br

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Saturday, September 24, 2011

Filhos do Diabo?

 Olha só o que o Silas MaLacraia anda dizendo agora.

Texto completo no
http://www.naosalvo.com.br/vc/filho-do-diabo/

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Posso ser também?  =)

Para dizer a verdade é uma honra, porque a ofensa de pessoas desse tipo é elogio. Significa que estamos conseguindo algum resultado, e incomodando.

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Sunday, September 18, 2011

Berço da Revolução Farroupilha - O monumento ignorado

 Há tempos que venho tentando chamar a atenção para um monumento esquecido num canto de um bairro de Guaíba:

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Acesse o meu canal no Youtube e comente.

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Saturday, September 3, 2011

Tuesday, August 30, 2011

A origem do nome da minha filha

Ela se chama Vanina e é a minha primogênita. Não tenho certeza da origem do nome em si, mas suponho que seja italiano, espanhol ou francês.

Por outro lado, sei muito bem porque escolhi esse nome.

No tempo em que eu estava grávida dela não existia o exame de ultrassonografia, não havia como saber se ia ser menino ou menina, de modo que era necessário ter dois nomes, masculino e feminino, escolhidos antes da criança nascer. Já havíamos escolhido o nome para o caso de ser menino, mas o de menina ainda não.

Eu estava na sala de espera do médico, esperando para ser atendida e aproveitando o tempo para ler uma fotonovela que tinha ali. (Fotonovela, para quem não sabe, é como uma revista em quadrinhos mas com fotos.) Uma das personagens era uma atriz de fotonovela muito bonita (o nome verdadeiro pelo que me lembro era Paola Pitti), e o nome dela na história era Vanina. Quando vi o nome, lembrei que já tinha ouvido esse nome antes mas em outro contexto.

A história é bem interressante. Viemos ao Brasil de navio, minha mãe com cinco filhos e um cachorro. O navio era francês e se chamava Pasteur. Éramos uma "escadinha", meu irmão mais velho, Yngve, com dezesseis anos, depois eu com treze, e as minhas irmãs Bodil. Synnöve e Tove, com dez, sete e quatro anos, respectivamente. Todos os passageiros faziam as refeições em um refeitório comum onde éramos atendidos por garçons, e geralmente era o mesmo garçon que atendia a nossa mesa. Era um senhor muito gentil, francês, que adorava crianças. Ele insistia para que comessemos bastante e elogiava quando comíamos. Um dia ele perguntou para a minha mão como se dizia "amiga" em sueco. Ela explicou que é "väninna" e que a pronúncia era 'véninna', e até escreveu a palavra para ele ver, mas ele não conseguia prounciar corretamente, só conseguia dizer 'vanina'.Depois disso ele passou a dizer que aquela de nós que comesse bastante era a 'vanina' (amiguinha) dele.

Sentada ali no consultório, lendo aquela fotonovela, pensei "puxa, o nome existe mesmo!" Naquele momento decidi que, se fosse menina, se chamaria Vanina.

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Wednesday, August 24, 2011

É para isso que servem os Direitos Humanos!

Para proteger pessoas como este médico, que foi preso injustamente e tratado brutalmente (vejam a entrevista mais abaixo).

Este é um excelent exemplo de como qualquer um de nós pode estar no lugar errado na hora errada, e aí gostaríamos muito se alguém levasse em consideração os nossos Direitos Humanos neste momento.

Espero que algumas pessoas párem de falar que "Direitos Humanos só servem para proteger bandido" depois dessa notícia.

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24 de Agosto (hoje)

O SUSPEITO ERRADO

Participação de médico em assalto é descartada

A polícia descartou ontem, de forma definitiva, a participação do médico aspirante a oficial do Exército Rodrigo Fialho Viana, 32 anos, no assalto ao juiz Rinez da Trindade na noite da última quinta-feira, em Porto Alegre. O militar foi detido pouco depois da ação de dois criminosos contra o magistrado, na Rua Cabral, no bairro Rio Branco, apontado pelo juiz como um dos supostos envolvidos no crime.

Conforme o delegado Abílio Pereira, da 10ª Delegacia da Polícia de Porto Alegre, o depoimento de uma testemunha na manhã de ontem foi fundamental para afastar a hipótese de participação do médico no crime. O homem teria cruzado pelos dois verdadeiros assaltantes durante a fuga.

– Ele viu bem os criminosos depois do assalto. Depois, viu os dois detidos dentro da viatura e chegou a dizer aos policiais que não eram eles, mas não o levaram em consideração – explica o delegado Abílio.

Juiz diz que espera prisão de verdadeiros assaltantes

Somado ao depoimento da testemunha está o registro de uma ligação entre o militar e o amigo no horário aproximado do assalto. Esse fato tiraria o médico da cena do crime, segundo o delegado.

– Agora vamos investigar quem é que assaltou o juiz de fato – finalizou, sem confirmar se já há suspeitos da ação.

O advogado de Viana, Alexandre Dargel, disse que ainda ontem seu cliente deveria estar de volta a sua unidade do Exército em Bagé. Dargel afirmou que o médico não comentou com ele sobre a sua exclusão do caso, mas ressaltou que continuava abalado com a situação.

Sem mudar a rotina depois do assalto, o juiz Rinez da Trindade aguarda o final das investigações e a prisão dos verdadeiros criminosos, cujas características de um deles seriam muito semelhantes às do médico, segundo o magistrado. Trindade tem comentado que se submete à lei se houver “evidências concretas de que não foi ele”, e que “jamais gostaria de ver um inocente ser acusado injustamente”.

O juiz foi atacado por dois homens quando chegava de carro à casa de um amigo. Os assaltantes teriam se assustado com a reação de um amigo do magistrado e fugiram levando a arma, a chave do carro e os documentos de Trindade. Apontado pelo juiz como um dos supostos assaltantes, Viana disse que era médico, mas não portava documentos para provar. Ele foi detido em flagrante depois de ser reconhecido por Trindade. Levado ao 3º Batalhão de Polícia do Exército, foi libertado no final da tarde de sexta-feira.

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23 de agosto (ontem)

POLÊMICA APÓS ASSALTO

Médico relata medo e agressões

Ainda traumatizado pelos acontecimentos, Rodrigo Fialho Viana, 32 anos, médico e aspirante a oficial do Exército, recordou ontem a conturbada noite de quinta-feira, quando foi preso por uma patrulha da Brigada Militar (BM) após o juiz Rinez da Trindade, 53 anos, ser assaltado na Rua Cabral, tradicional via do bairro Rio Branco, um dos pontos movimentados de Porto Alegre.

Ao ser preso, ele disse quem era. Mas ninguém acreditou e o militar não carregava os documentos para provar. Foi detido em flagrante depois de ser reconhecido pelo juiz como autor do crime. Levado para o 3º Batalhão de Polícia do Exército, foi libertado no final da tarde de sexta-feira. Conforme o delegado Abílio Pereira, da 10ª Delegacia da Polícia Civil da Capital, três depoimentos foram colhidos ontem sobre o caso, mas nenhum foi conclusivo. Hoje, uma nova testemunha será ouvida para tentar elucidar o que aconteceu.

Ontem, na companhia de seu advogado, Alexandre Dargel, Viana falou por telefone com Zero Hora antes de seguir viagem para a sua unidade militar, em Bagé. A seguir, trechos da entrevista.



ENTREVISTA

“Não podia ter sido tratado assim, mesmo se fosse culpado”

Rodrigo Fialho Viana, médico aspirante a oficial do Exército

Zero Hora – Como tudo começou?

Rodrigo Fialho Viana –
Recebi uma ligação do Daniel (Daniel Rohde, amigo que reside na Rua Vasco da Gama, a cerca de 50 metros da mãe do médico) me convidando para ir até a casa dele, onde estava um amigo nosso. Troquei de roupa e fui. Chegava ao portão quando fui abordado pelos soldados, que chegaram de moto.

ZH – Ao lhe abordarem, eles pediram documentos?

Viana –
Sim. Mas eu não tinha.

ZH – Por que o senhor saiu de casa sem documentos?

Viana –
A casa do meu amigo é pertinho. Mas me identifiquei para os policiais como oficial do Exército e médico. Eles não deram bola e fui algemado de uma maneira que quase quebrou os meus pulsos.

ZH – Consta que o levaram até o juiz. Como foi levado?

Viana –
Fui colocado algemado dentro de um Vectra. Na hora, cheguei a pensar que estava sendo vítima de um sequestro por pessoas disfarçadas de policiais, eu não queria acreditar no que estava acontecendo. Mas era real. Eles seguiram pela Rua Vasco (da Gama), na contramão, até o local onde tinha acontecido o episódio, na Rua Cabral.

ZH – O que aconteceu quando chegaram lá, na Rua Cabral?

Viana –
Fui colocado contra uma parede, na frente de umas 50 pessoas. Um senhor, que depois vim a saber que era um juiz, apontou o dedo na minha direção e disse: é este. O juiz falava na minha cara e perguntava onde estavam as armas. Respondi que ele estava louco. Senti que a minha vida corria perigo porque fui agredido.

ZH – Ao ser levado para a Polícia Civil, o que aconteceu dentro do veículo da Brigada Militar?

Viana –
Encolhi os joelhos e creio que os policiais pensaram que iria reagir. Daí me bateram novamente.

ZH – O senhor foi preso. Foram feitos os exames de corpo de delito?

Viana –
Fizeram. Mas de uma maneira muito superficial. Depois, no Exército (3º Batalhão de Polícia do Exército, para onde o médico foi encaminhado na manhã de sexta-feira), fizeram um exame mais detalhado, inclusive de urina para saber se havia a presença de drogas.

ZH – Quando o senhor percebeu a dimensão da situação?

Viana –
Logo que a porta da cela se fechou. Fiquei calmo, as lágrimas vieram, e percebi que tinha de esperar.

ZH – O juiz disse que havia observado bem os dois assaltantes, inclusive a roupa. O senhor vestia uma roupa semelhante?

Viana –
A roupa teve um peso, no calor dos acontecimentos. Mas, depois, na Polícia Civil, quando meus amigos falaram sobre mim, o juiz deveria ter prestado atenção aos argumentos. Mas persistiu firme no seu ponto de vista. Eu não podia ter sido tratado como fui, pela polícia e por órgãos de comunicação. Mesmo se fosse culpado, porque nenhum cidadão pode ser agredido ou exposto a uma multidão furiosa. No restante, vou tocar para frente e deixar a cargo do advogado as reparações pelo que passei.

ZH – E sobre sair de casa sem documentos?

Viana –
Nunca mais.

Wednesday, August 17, 2011

Transexual é agredida após acidente de trânsito

Transexual é agredida após acidente de trânsito

Vítima diz ter sido retirada do carro puxada pelos cabelos

15/08/2011 | 12h04min

Cid Martins | cid.martins@rdgaucha.com.br

Uma ocorrência de trânsito terminou em agressão na madrugada de ontem em Porto Alegre. Desta vez, no entanto, a vítima diz que também houve outro motivo para a agressão que sofreu: o fato de ela própria ser transexual. O carro de Fernanda Campos colidiu com outro na Avenida Azenha, próximo à Rua Botafogo, no Bairro Menino Deus, com danos apenas no espelho retrosivor. No outro veículo havia três homens que, segundo a transexual, começaram a gritar palavrões e a fazer ameaças.

— Viram pelo vidro que eu era uma transex — conta Fernanda, que diz ter sido retirada do carro à força pelos agressores. — Fui arrancada pelos cabelos, me chutaram, deram socos, me derrubaram no chão, quando uma pessoa passou, acho que um taxista, e gritou com eles.

Depois de uma testemunha intervir, a transexual conta que conseguiu se levantar e entrou no carro em direção ao Palácio da Polícia. Antes de chegar, no entanto, a vítima diz ainda ter sido perseguida de carro pelos três homens. Como tem problemas de hipertensão, Fernanda acabou desmaiando. Ela foi internada no Hospital Cristo Redentor, na Zona Norte, e liberada no final do dia de ontem. 
A delegada titular da 2ª DP da Capital, Adriana da Costa, informou que vai investigar o caso. Já está marcado para a tarde desta segunda-feira o depoimento da vítima. A placa do carro dos agressores foi identificada, segundo a polícia.

Denúncias contra homofobia

Com hematomas por todo o corpo, a transexual realizou nesta manhã um novo exame médico e à tarde vai procurar entidades de Direitos Humanos para denunciar este caso como mais um de homofobia no Estado.

No início deste ano, a proprietária de um estabelecimento comercial em Porto Alegre denunciou o síndico de um condomínio na Cidade Baixa por suspeita de homofobia. Em junho, o governo gaúcho lançou a campanha Rio Grande Sem Homofobia, para diminuir a violência e discriminação contra a comunidade LGBT. Denúncias em todo o Brasil são recebidas pelo Disque 100.

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Geral&newsID=a3448842.xml
 
 
Ouça o depoimento da vítima à Rádio Gaúcha:

http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/PlayerEmbed.aspx?uf=1&midia=202016&channel=232
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