Tem-se falado muito ultimamente sobre os casos de abusos sexuais de jovens e meninos na ICAR. Sem dúvida o assunto é muito grave, ainda mais pela forma sistemática que a ICAR tem agido para esconder os fatos, sem resolver realmente nada. Agora que a onda maior já passou, gostaria de abordar os casos de abusos de mulheres e meninas que também acontecem, e também são graves.
No blog Index saiu uma matéria a respeito, Violência Clerical:
http://index.opsblog.org/04/2010/violencia-clerical/, sobre a tese da socióloga Regina Soares Jurkewicz sobre o assunto.
O PDF de quase duzentas páginas pode ser acessado aqui:
Violência clerical: Abuso sexual de mulheres por padres no BrasilA revista Época fez uma entrevista com ela em maio deste ano.
Socióloga lança pesquisa que mostra como a Igreja Católica encobre os crimes sexuais cometidos por padres contra mulheresA socióloga da religião Regina Soares Jurkewicz é católica. Mas do tipo que provoca calafrios na ala conservadora. Ela passou os últimos dois anos e meio dedicando-se a investigar as estratégias usadas pela cúpula da Igreja para silenciar vítimas, proteger agressores e encobrir crimes sexuais cometidos por sacerdotes. A pesquisa, financiada pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), é parte de sua tese de doutorado em Ciências da Religião desenvolvida na PUC de São Paulo. Ao se debruçar sobre 21 casos denunciados pela imprensa e esmiuçar dois deles em profundidade, Regina concluiu que a Igreja Católica no Brasil se coloca acima das leis do Estado ao tentar - e em geral conseguir - manter os casos de violência sexual dentro de suas sólidas paredes.
ÉPOCA - A senhora escolheu investigar a violência sexual de padres contra mulheres em vez concentrar a pesquisa na pedofilia, que é o tema mais em evidência. Acha mais difícil identificar e punir a violência contra mulheres?
Regina Soares Jurkewicz - É muito mais fácil, no senso comum, aceitar a criança como vítima. Mas quando se fala que uma mulher sofreu um abuso ou foi estuprada, a primeira idéia é de que ela seduziu o agressor. Quando as mulheres denunciam, acredita-se menos nelas, pior ainda se forem adultas. E muito pior se o agressor for um padre, um homem envolto em aura de santidade. De vítima ela vira culpada.
ÉPOCA - A senhora diz que a Igreja brasileira usa estratégias para encobrir crimes e criminosos, colocando-se acima do Estado. Como é isso?
Regina - O padre que abusa tem uma proteção institucional que os outros homens não têm. Homens não-padres estão mais sujeitos às leis civis. O padre também está, porque antes de ser padre é um cidadão. Mas o que acontece na prática é que a Igreja brasileira fez a escolha do silêncio. E, assim, acoberta fortemente o sacerdote.
A entrevista completa aqui:
O pecado do silêncioVale a pena ler toda a entrevista, assim como vale muito a pena dar uma lida na tese. É comprida, mas preste atenção em depoimentos de mulheres abusadas, para entender como funciona a psicologia da dominação dentro do contexto da Igreja Católica.
A verdade é que a ICAR conseguiu produzir uma sociedade com uma mentalidade extremamente anti-mulher, e isso está melhorando aos poucos, graças ao fato de o secularismo estar mais forte, e a religião está perdendo poder. Espero que essa tendência continue e avançe o mais rápido possível.
Tem também um artigo em um blog de Secularismo da Inglaterra (em inglês):
http://www.secularism.org.uk/child-abuse-overshadows-another.htmle outro aqui:
http://tessera2009.blogspot.com/2010/03/sexual-abuse-of-women-in-church.html"Tem havido uma cobertura geral do abuso de crianças por padres católicos e poucas pessoas hoje ignoram o assunto.
Não tem havido quase nenhuma publicidade quanto aos abuso de mulheres por membros masculinos do clero e, apesar das evidências, a Igreja parece não ter feito nada.
[....]"o que demonstra bem que o problema é
mundial.
[PS: Algumas coisas conseguem me deixar de mau humor...]