[por Eli Vieira]
Estamos preocupados com o nível crescente de intolerância manifestada por ateus no facebook. Numa página com dezenas de milhares de curtidores (pessoas que apertaram um botão), lemos:
"A religião, como sempre, dilacerando famílias"
Será mesmo? Religião se reduz a cristianismo? Cristianismo se reduz a fundamentalismo? Todo cristão segue cegamente e literalmente o que está escrito na Bíblia, sobre Jesus vir para voltar um contra o outro em famílias?
Não parece justo tratar todos os religiosos dessa forma (que, queiramos ou não, se identificam pessoalmente com suas crenças - da mesma forma que a maioria dos ateus, admitindo ou não).
Pedimos encarecidamente aos ateus, mesmo os não humanistas, para usarem o método da vovó: diriam o que estão dizendo no Facebook à sua provável vovó religiosa? Não "dilacera famílias" este comportamento?
Certa vez, um leitor reclamou no Bule Voador que, quando o blog aceitou dois editores cristãos, estava tomando um caminho sem volta. É verdade: tomamos um caminho sem volta pela tolerância, pelo secularismo como uma convivência de crenças (sendo o ateísmo uma delas, queiram ou não).
Questões racionalistas sobre a existência de entidades inefáveis são temas legítimos de debate, mas para quem adotou o debate racional como valor em sua vida, o que não é obrigatório. Aliás, tentar forçar alguém a adotar o racionalismo é a atitude que mais vai na contramão dele mesmo.
Espero que no "dia do orgulho ateu" alguns ateus tenham mais motivos para orgulho do que para vergonha ao ver como se comporta a comunidade ateísta. Como alguém que debate exaustivamente o tema na internet desde ignotas eras pré-orkut, não sei mais se ser ateu é motivo de orgulho para mim.
P.S.: Apoiamos e até possivelmente financiaremos o dia do orgulho ateu. Mas por que 12 de fevereiro, nascimento de Darwin, se Darwin jamais foi ateu? É por causa da teoria da evolução que derrubou mais uma vez o argumento criaconista? Então por que não 1º de julho, data da publicação do artigo conjunto de Darwin e Wallace na Royal Society em 1858?
Sinceramente,
E.V.
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Åsa Heuser,
ReplyDeleteCompreendo que algumas publicações nas redes sociais partem da velha história de que "na internete todos são mais fortes e corajosos", assim como há circunstâncias em que indivíduos mereceriam ser submetido a toda torrente de palavras ácidas possíveis. Mereceria.
A racionalidade, por si só e isolada, deveria controlar estes instintos, já que o ceticismo associado a essa capacidade dialética inerente ao homem e ao estudioso/leitor, que o ateu deve ser, podem garantir inúmeros argumentos não violentos.
Estamos repletos de histórias e exemplos de que o discurso opressor e agressor tende sempre ao declínio e a falha do projeto.
Não podemos esquecer estas histórias. Principalmente se temos um objetivo, e, particularmente, "I have a Dream".
Utopia é pouco para classificá-lo, mas sonho em um mundo sem religiões [por motivos que dariam mais que uma tese de conclusão de curso].
Mas, para a realização de todos, inclusive a extinção da religião, os principais [e primordiais] caminhos passam pelos verbos educar e conscientizar, os quais em hipótese alguma devem se associar a substantivos como violência e arrogância.
Obrigado.
Ateu quando nao é pedante e/ou nerd fala de maneira popular mesmo. A grande maioria dos ateus tambem nao quer ninguem dizendo o que eles tem e o que nao tem que fazer.
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