Saturday, October 2, 2010

Enfrentando a morte com realismo e dignidade

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Hoje eu chorei. Fiquei tão comovida com essa notícia que não consegui me segurar. 
Essa mulher é um exemplo de como enfrentar a morte, com realismo e dignidade, pensando em como ajudar as pessoas que ama a enfrentar melhor a vida na ausência dela. 

Lembra um filme que eu vi, e que está na barra lateral entre os filmes que recomendo, "Minha Vida Sem Mim" -  http://zerohora.clicrbs.com.br/pdf/9429780.pdf
Abaixo reproduzo a notícia na íntegra, porque agora o conteúdo da Zero Hora só é acessível aos assinantes.
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Zero Hora, 02 de outubro de 2010

AMOR ALÉM DA VIDA

Antes de morrer, mãe deixa manual para cuidar dos filhos

Lista a ser seguida pelo marido inclui lugares a visitar e valores a respeitar

A britânica Kate Greene morreu em janeiro passado, aos 37 anos, depois de perder uma batalha de dois anos contra o câncer de mama. Kate, porém, não quis que a morte a impedisse de participar do crescimento dos filhos Reef, seis anos, e Finn, quatro. Ela deixou uma lista com cerca de cem coisas para o marido, St. Johns Greene, fazer com os dois, para garantir que eles tenham a experiência que ela sempre sonhou para a família e que serão criados como ela planejava.

Não foi a primeira vez a um drama desse tipo afetar a vida dos Greene. O filho mais velho do casal, Reef, já havia sobrevivido a um tumor maligno em 2005. O casal descobriu a doença de Kate em 2008. Após 18 meses de quimioterapia, ficou claro que o câncer havia se espalhado, e o tratamento foi interrompido. Pouco tempo depois, Kate passou a precisar de tanques de oxigênio em casa.

– Uma noite ela ficou muito assustada, achando que não sobreviveria até o dia seguinte. Ficamos acordados, conversando até as 4h sobre o que gostaríamos que os meninos fizessem. Kate passou a carregar papel e caneta para anotar novas ideias. Quando vi, havia três folhas A4 cheias – conta St. Johns.

Entre as recomendações para Finn e Reef, estavam coisas específicas, como visitar a praia onde ela passava férias quando criança, no País de Gales, ou assistir a um jogo internacional de rúgbi. Kate ainda pediu ao marido que levasse os filhos à Suíça, para mostrar o local onde ele a pediu em casamento.

Kate quer que marido encontre outra mulher

A mãe ainda decretou que a família deveria ter uma mesa de jantar, para que todos estejam juntos durante as refeições em sua casa em Sommerset, sudoeste da Inglaterra, e que o marido deveria ajudar as crianças a plantar um girassol, encontrar um trevo de quatro folhas e aprender a tocar um instrumento musical. Ela ainda descreveu os valores que ela queria ensinar aos meninos, como ser pontuais, fazer as pazes logo quando brigassem com alguém e tratar as namoradas com respeito.

A lista também inclui coisas que a mãe não queria que os filhos fizessem, como andar de motocicleta, fumar ou integrar as forças armadas. O pai conta que planeja realizar todos os desejos da lista, já que, de alguma forma, as orientações significam ainda uma ligação emocional com Kate:

– Já fiz algumas, e cada vez que fazemos alguma coisa, pensamos nela.

O desejo mais difícil de ser cumprido no entanto, diz ele, será encontrar uma outra companheira, para que os filhos cresçam com uma influência feminina – outro pedido de Kate:

– Já encontrei minha alma gêmea, e voltar ao mercado é uma coisa muito difícil. 

Londres

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O link para a notícia aqui.

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Agora, alguém reparou em um detalhe? Um detalhe que na verdade é uma ausência?

Não há nenhuma referência a religião, em nenhum momento. 


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5 comments:

  1. Comovente mesmo. Assisti "Minha vida sem mim", excelente filme, mas pensei ser muito dificil que na realidade tal coisa acontecesse...
    Quero experimentar tal sobriedade quando chegar minha hora...

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  2. Belo gesto. Eu tenho pra mim que todos nós céticos fazemos listas como esta, implicitamente, nas metas que traçamos e atividades a que nos dedicamos.

    Beijos e muito lindo você ter chorado.

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  3. Olá, Åsa! Esse é um texto comovente, mas mais do que isso é uma lição de vida: Faz nós aprendermos que nem após a morte podemos parar! E também que com todos nossos problemas, não podemos perder a esperanças de que há outras soluções. Essa moça só teve um coração de ouro como toda mãe que é mãe tem! Pensou nos filhos mesmo sabendo que ia faltar um dia... Só uma mãe mesmo pensaria assim! Íncrivel!

    bjs

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