Wednesday, May 17, 2023

O nome da minha filha, Vanina

A escolha do nome dela foi completamente unilateral e monocrática. Decidi e pronto. A maioria não gostou, mas eu bati o pé. O meu motivo tinha relação com a viagem de navio que fizemos da Finlândia ao Brasil, e com um senhor francês muito simpático que servia a nossa mesa no restaurante do navio. Ele se encantava especialmente porque éramos uma ‘escadinha’ de quatro meninas, e ele sempre nos incentivava a comer tudo. Ele queria deixar claro que aquela que comesse bastante era amiga dele, e perguntou à minha mãe como se dizia amiga em sueco. Ela explicou que era “väninna” e até escreveu para ele ver. Evidentemente ele não conseguia dizer a palavra com a pronúncia correta em sueco (venínna), o que ele dizia soava como “vanina”.

Cinco anos depois, durante a minha primeira gravidez, eu costumava ler revistas na sala de espera enquanto esperava ser atendida pelo médico. Na época não existia celular nem internet, o primeiro computador havia sido construído pouco mais de 20 anos antes (ocupando uma sala enorme); de telefone só existia o fixo, e era acessível só para pessoas com bastante dinheiro. Voltando às revistas, também lia fotonovelas. Fotonovelas era uma espécie de histórias em quadrinhos, mas com fotos. Uma atriz que aparecia em várias dessas fotonovelas e que devia ser italiana, se chamava Paola Pitti e eu a achava muito bonita. Um dia me deparei com uma história em que o nome dela era Vanina. Aparentemente é um nome francês, mas não tenho certeza. Me veio à lembrança o garçom do navio Pasteur e como ele não conseguia falar ‘väninna’ com a pronúncia correta, só conseguia dizer ‘vanina’. Pensei, “Então o nome existe!” Naquele momento decidi que, se nascesse uma menina, o nome seria este. Era um tempo em que não havia como saber o sexo dos bebês antes de nascer. Por isso, sempre era necessário ter dois nomes escolhidos, um de menina e um de menino. Se fosse menino, o nome escolhido era Herbert.

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