Saturday, February 8, 2014

A Calúnia [Malba Tahan]




"Um cidadão sentindo-se caluniado por Ahmmed buscou o Ancião da cidade para pedir justiça; ao que este determinou que fossem buscar Ahmmed, o responsável pelas mentiras proferidas, e ouviu ambos. Confiando suas longas barbas brancas, determinou a Ahmmed que escrevesse as mentiras num pedaço de papel, isto feito rasgasse o papel em minúsculos pedaços. Ao que em seguida determinou que no dia seguinte pela manhã o caluniador espalhasse os pedaços nos quatro cantos da cidade, justamente onde passavam os camelos, caravanas e onde soprava fortemente o vento do deserto e então retornassem até ali. E dito e feito, Ahmmed e o queixoso retornaram à presença do vetusto personagem, ouvindo como sentença que Ahmmed recuperasse todos os pedaços, todos, e voltasse à mesquita, que assim seria perdoado.

Ahmmed ouvindo a sentença começou a chorar, rasgar as vestes, arrancar a barba e rolar pelo chão; o Ancião perguntou-lhe: porque procede assim Ahmmed, porque não vai buscar os pedaços? Ao que o interpelado respondeu que naquela hora com os ventos do deserto, camelos das caravanas, nunca conseguiria encontrar os pedaços, impossível isto. O Ancião afirmou, Ahmmed assim foram suas mentiras, depois de proferidas nunca podem ser recolhidas. (Malba Tahan)".


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