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É chegada a hora
de as mulheres
deixarem de ser
tratadas como
pessoas frágeis que
estão protegidas no
recinto do lar!
de as mulheres
deixarem de ser
tratadas como
pessoas frágeis que
estão protegidas no
recinto do lar!
" É o que todo mundo diz, que a mulher é o sexo frágil! Talvez porque sua compleição física seja menor. Quem sabe, porque sangra todos os meses e precisa de algum resguardo enquanto grávida. Mas o certo é que foram os homens que criaram este mito. E o pior, as mulheres acreditaram. Afinal, é uma situação de conforto. Dá uma certa tranquilidade ter alguém responsável pela gente. E, se eles são o sexo forte, assumem o dever de cuidar, de proteger. Não é por outro motivo que o homem tem que sempre ser mais: mais velho, mais alto, ganhar mais, tudo sempre mais...
Dessa condição de provedor, de superior, ao sentimento de propriedade, é um passo. Então, ele passa a mandar e ela a obedecer. Tem que se submeter. Ora, é dela a responsabilidade de cuidar da família, dos filhos, da casa. Ela é a rainha do lar!
Será que não está nesta assimetria a origem da violência doméstica? Uma realidade invisível, até o advento da Lei Maria da Penha. Ela chegou desacreditada, mas acabou empoderando as mulheres, que passaram a não mais se submeter ao jugo masculino. Começaram a ter coragem de denunciar, da buscar a proteção legal.
Pela vez primeira, passou a ser quantificada a violência contra as mulheres, e os números se revelaram assustadores. Com certeza não existe lei que tenha uma efetividade mais imediata. Concede medidas protetivas e autoriza a prisão de quem as desobedece.
Só que nem a Justiça, nem os poderes públicos estão conseguindo dar conta desta realidade. Basta atentar que, em oito dias, seis mulheres foram mortas.
Mas o mais surpreendente ainda é a cultura que parece conceder ao homem o direito sobre a mulher que _ pelo que todos ainda reconhecem _ é a mulher dele. Basta atentar que só depois de 20 horas a polícia de Sapucaia agiu. A determinação da autoridade policial foi ter paciência (ZH 5/6, p. 40). Mas até quando teremos paciência? Quantas mortes, quantas mulheres violadas e violentadas será preciso contabilizar até que as autoridades assumam a sua responsabilidade de assegurar proteção a quem se encontra em situação de vulnerabilidade?
É chegada a hora de as mulheres deixarem de ser tratadas como pessoas frágeis que estão protegidas no recinto do seu lar doce lar!"
*Advogada
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"É chegada a hora de as mulheres deixarem de ser tratadas como pessoas frágeis que estão protegidas no recinto do seu lar doce lar!"Essa frase é especialmente ilustrativa porque já ficou muito claro que a mulher muito frequentemente não está segura e protegida em casa.
Na mesma edição, na mesma página, tem um ótimo editorial - Cultura Machista - que tem muito a acrescentar à discussão.
"O mais recente e mais rumoroso caso de violência doméstica, em que uma mulher foi encontrada desacordada em Sapucaia do Sul depois de ter sido mantida em cárcere privado pelo ex-companheiro, acende um sinal de alerta no Estado em relação a uma cultura machista que resiste a mudanças. O elevado número de casos indica a necessidade de uma abordagem mais ampla do problema, que expõe falhas na rede pública de proteção, exige a adoção de providências há muito tempo adiadas e recomenda a intensificação de campanhas educativas voltadas para o respeito mútuo dentro de casa.
O recrudescimento das agressões _ são pelo menos seis mortes violentas de mulheres no Estado só nos últimos dias _ volta a chamar a atenção para o quanto a sociedade ainda precisa evoluir em relação a aspectos como esse. Já avançamos, é verdade. Há quase sete anos, por exemplo, a Lei Maria da Penha tornou muito mais rigorosa a punição contra quem pratica qualquer ato de violência contra o sexo feminino. A questão, mais uma vez, é que continuam faltando providências adicionais do poder público para garantir a aplicação do texto legal.
Normalmente, o assassinato de uma mulher pelo companheiro ou ex-companheiro é precedido de uma série de fatos que indicam a iminência de uma tragédia. A questão é que, sem a adoção de providências elementares como os Centros de Atendimento, poucas mulheres se animam a denunciar os responsáveis, temerosas das consequências.
Se o poder público falha, por razões culturais como as que movem os agressores, é preciso que a sociedade faça a sua parte, tanto na área educativa quanto na fiscalização. Cobrar providências e não fechar os olhos ao problema já podem ser consideradas duas contribuições importantes."
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